POJUCA: UMA CIDADE QUE NASCE DO RIO
A fase do açúcar
Ao longo dos tempos as pessoas construíram grandes aglomerados urbanos próximos aos rios. Foi assim com o Cairo, capital do Egito que nasceu às margens do grande Rio Nilo e Paris, capital da França, que tem seu coração atravessado pelo Rio Sena. Isto sem falar em Londres, banhada pelo majestoso Rio Tâmisa e a nossa querida São Paulo, banhada pelos rios Tietê e Pinheiros. Assim também Pojuca, nossa encantadora e aconchegante cidade nasceu na margem norte do rio que lhe dá nome: o Rio Pojuca.
Esse rio é um curso d'água cuja nascente está localizada na Serra da Mombaça, em Santa Bárbara- Ba e, em seu percurso, banha os municípios de Feira de Santana, Coração de Maria, Terra Nova, Pojuca e Mata de São João, desaguando no Oceano Atlântico, mais precisamente, na Praia do Forte. Os índios tupinambás que habitavam essa região desde muito antes da chegada dos portugueses, chamavam esse rio em sua língua nativa de “yapoyuca”. Segundo o livro Pojuca: O Arraial da Passagem, citando o grande geógrafo baiano Teodoro Sampaio, esse termo:
"é formado pela junção de duas outras palavras do tupi: Yapó, que significa água transbordante, cheia ou alagadiço e Yuca que significa brejo, pântano ou lugar apodrecido. Portanto, juntando yapo+yuca, vamos ter uma palavra cuja fonética é muito semelhante à “pojuca”. (…)
Para Sampaio, o povo tupinambá que viveu nessa região desde muito antes da chegada dos portugueses teria batizado o caudaloso curso d’água em sua língua e, depois, com as derivações, supressões e corrupções que a palavra sofreu ao longo do tempo, chegou-se a expressão atual, “pojuca” que quer dizer: o lugar alagado, o lugar pantanoso, lugar apodrecido. É importante ressaltar que os indígenas ao usar aquela expressão, “yapoyuca”, estavam se referindo ao rio, não à cidade ou ao lugarejo. Muito antes de surgir o povoamento, o rio já existia e o termo yapoyuca = Pojuca, portanto, refere-se às águas do rio e às terras alagadas por onde este rio passava". (BATISTA, 2018, p.p. 14-15)
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Ruínas do Engenho Pojuca. Foto: João Batista, 2017 |
Mas o povoamento que surgiu junto ao Pojuca, inicialmente, não tinha o nome do rio. Na formação do arraial, o lugarejo era conhecido como Passagem, numa referência a passagem que os tropeiros faziam ao atravessar o rio com suas mulas carregadas de mercadorias. Segundo contam os antigos, a cidade nasceu a partir de uma pequena feira que se formou no lugar da travessia dos tropeiros e, com o passar do tempo, foi atraindo mais pessoas e, no fim do século XVII, foi erguida uma capelinha pelos moradores em homenagem ao Bom Jesus que depois se tornaria o padroeiro da cidade. O memorialista pojucano José Lemos de Sant’Ana, nascido em 1921 escreveu o seguinte relato sobre a formação da Vila da Passagem, disse ele:
"Daí nasceu um vilarejo que se chamou de Passagem e para identificá-lo perfeitamente e distingui-lo de outros locais com nome idêntico – Passagem do Rio Pojuca. Estabelecido aí na baixada, na beira do rio, o arraial, pelos favores dos proprietários de terras que não permitiam ocupar os altiplanos próximos, logo floresceu um pequeno comércio. Depois a igrejinha pequenina – oh! Quantas vezes ampliada pela fé e pelo trabalho do povo! – cujo padroeiro escolhido foi o Senhor Bom Jesus. Ora, o Bom Jesus é padroeiro de centenas de paróquias e lugarejos por este Brasil afora: Bom Jesus do Bonfim, da Lapa, dos Aflitos, etc. O nosso seria Bom Jesus da Passagem, que este era o nome do Arraial: Passagem do Rio Pojuca. Espero que ainda hoje conserve, ao menos no largo que vai a ponte da Passagem, o seu antigo nome identificador e histórico, de largo da Passagem". (SANT’ANA, sd. p.p. 340-342)
Esses tropeiros que deram origem ao povoado da Passagem, vinham da região da Praia do Forte, onde ficava um ancoradouro chamado de Porto de Tatuapara e subiam pela margem norte do Rio Pojuca até chegarem no ponto de travessia e, aqui, abasteciam a população local que viva ao redor dos grandes engenhos de açúcar: o Engenho Pojuca e o Engenho dos Remédios. Estes, de propriedade dos produtores de cana que tinham migrado da região de São Francisco do Conde nos séculos XVII e XVIII.
Entre os séculos XVIII e XIX a economia de Pojuca girava em torno dos engenhos e seu território era coberto de cana-de-açúcar. Em 1757, o Padre Felipe Barbosa da Cunha descreveu o território onde hoje é Pojuca como um lugar onde viviam muitos escravos e “muitos homens forros, havendo também neles muitos lavradores de cana, que as plantam para moer nos ditos engenhos dando-lhe a meação como é estilo, vivendo estes em fazendas distintas que fazem corpo com os mesmos engenhos.” (CUNHA, 1757). E, no final do século XIX, quando por aqui passou o escritor e jornalista Euclides da Cunha, escreveu: “A vizinhança de Pojuca é revelada por canaviais extensos que se estendem sobre os planos dos tabuleiros - miríades de folhas refletindo ao sol, com o brilho de aço antigo, ondulantes, vacilando em todos os sentidos ao sopro da viração, um ciciar imenso e indefinido”. (E. DA CUNHA, 1897). Esta cidade que nasceu na margem do rio, teve seu desenvolvimento calcado na monocultura da cana, tocada pela força da mão de obra escrava. A mancha de suor e sangue dos negros escravizados irrigam o chão de Pojuca. As marcas desta ancestralidade estão nas feições, na cultura, na arte, na culinária e no modo de ser do pojucano.
Os negros escravizados que trabalhavam nos engenhos da região formavam um contingente significativo de pessoas. Em sua obra, o historiador Marcelo Oliveira (OLIVEIRA, 2015) cita o nome de um negro escravizado que vivia no distrito de Pojuca. Trata-se de Antônio da Costa, um africano a quem sua senhora, matriarca dos Leal Cardoso, deixa em seu testamento a ordem para que paguem a ele cento e dez contos de réis, referente a uma dívida que ela contraíra junto ao escravo. Certamente por serviços prestados por este. Assim como Antônio da Costa, centenas de outros africanos e seus descendentes viveram e contribuíram para a formação de Pojuca e aqui deixaram a marca de sua cultura, de sua arte e de sua genética. Manoel Joaquim foi outro escravizado que pertencia aos Freire de Carvalho e trabalhava em suas propriedades, especialmente no Engenho Central.
A fase do açúcar, vai chegar ao seu auge no século XIX, especialmente a partir da chegada da estrada de ferro em 1860. Nesse período, são erguidas as duas estações no povoado, a estação do centro do vilarejo e a estação de Central, que ficava justamente na frente da grande usina de açúcar pertencente a José Freire de Carvalho, o Barão de Pojuca e José Antônio de Saraiva, o Conselheiro Saraiva. Em 1862 é inaugurada a estação da sede e, a partir de então o povoado de Pojuca se liga a capital e a indústria açucareira passa a ter uma importante via de escoamento da produção. Em 1º de março de 1861, o presidente da Província da Bahia, Antônio da Costa Pinto externa, em pronunciamento, as suas expectativas para o progresso que o trem promoveria na região:
[...] logo que chegarem os trilhos a Mata de São João, Pojuca, Santana do Catu e Alagoinhas, deve o rendimento crescer muito, em razão da quantidade de engenhos que há por lá, os quais pagam subidos fretes pelos produtos que mandam a este mercado.1
Contudo, no final do século XIX, vamos ter um declínio na economia açucareira em Pojuca, e alguns fatores contribuíram para isso:
O movimento abolicionista que culminaria com a promulgação da Lei Áurea (1888);
A queda do preço do açúcar no mercado externo;
As mudanças políticas ocorridas depois da Proclamação da República (1889);
O declínio da força política dos grandes líderes do açúcar (o Conselheiro Saraiva e o Barão de Pojuca).
Sobre este aspecto, o livro Pojuca: o Arraial da Passagem, diz o seguinte:
Em 1890, um ano após a instauração do novo regime, Saraiva se demite do cargo de Senador e volta para seu engenho em Pojuca, conforme noticiou um jornal da época2. A partir de então, ele se retira da vida pública até sua morte em 22 de julho de 1895. Já o José Antônio Freire de Carvalho, o Barão de Pojuca, que fora chefe da Guarda Imperial, homem influente na Corte de D Pedro II, com o fim do Império, voltou-se para os seus negócios em Pojuca, onde morreu no ano de 1909. (BATISTA, 2018, p. 27)
Assim, no início do século XX, vamos ter uma mudança importante no distrito de Pojuca: sai de cena os líderes açucareiros e escravocratas e começam a ganhar força os produtores de leite, carne, fumo e os comerciantes. A esta altura o povoado já tinha sido elevado a categoria de distrito, fato que ocorreu em 02 de setembro de 1892. A formação do distrito foi o primeiro grande passo no caminho para a emancipação política definitiva.
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Sobrado que pertenceu a Carlos Pinto. Foto: João Batista, 2017 |
Um dos líderes que se destaca neste novo cenário político é o Coronel Carlos Pinto. Pinto era proprietário de uma pequena fábrica de cachaça, proprietário de uma fazenda na região de Santiago e liderança política em Catu e no distrito de Pojuca. Foi ele uma das mais importantes figuras do processo que culminou na emancipação política de Pojuca no início do século XX. Além da ação de Carlos Pinto, houve também um movimento religioso importante no distrito que queria o fim da subordinação da capela do Bom Jesus da Passagem à paróquia Senhora Santana do Catu. Naquele tempo, a Igreja Católica exercia grande força religiosa e política. Esse movimento de independência religiosa foi responsável pela demolição da antiga capelinha e a construção de uma nova igreja na sede do distrito. Essa nova igreja se tornaria a sede da Paróquia do Bom Jesus da Passagem, criada em 12 de dezembro de 1904. Sobre esse aspecto, o livro Pojuca: o Arraial da Passagem diz:
A criação da paróquia do Bom Jesus da Passagem foi marcada por uma grande labuta da comunidade religiosa local. Em regime de mutirão, o povo do distrito se uniu em torno da causa. Um dos passos fundamentais para que a paróquia fosse criada era a construção de uma matriz. A capelinha do Bom Jesus da Passagem era uma construção muito modesta, precária. Agora, como sede paroquial, o distrito precisava ter uma igreja à altura da nova categoria que alcançara. Assim, em 1885 foram iniciados os trabalhos de demolição da antiga capelinha e a construção da matriz “pois a primeira era muito pobre e modesta3”. A obra foi interrompida entre 1889 e 1892, sendo finalmente concluída em 23 de dezembro de 1904. (BATISTA, 2018, p. 30).
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Nova Igreja do Bom Jesus da Passagem depois da reconstrução de 1904 |
A fase agropecuária
A partir do início do século XX Pojuca vai ter uma importante mudança na sua vida política e econômica. No campo político, ganha força o movimento emancipatório que queria ver o distrito se tornar cidade e comandar o seu próprio destino. No campo econômico, a monocultura da cana-de-açúcar começa a dar lugar às grandes fazendas de criação de gado para produção de carne e leite e a não menos importante cultura da mandioca. Na primeira metade do século XX a produção de farinha e leite vai ser o grande vetor de desenvolvimento econômico. Com suas duas estações, o distrito se tornara um importante entreposto comercial, tanto da produção local como do comércio de produtos de outros lugares circunvizinhos. A pujança econômica do distrito de Pojuca e a falta de atenção que Catu dava aos problemas locais fez com que os pojucanos buscassem sua independência da sede catuense. Sobre este aspecto, o livro Pojuca: o Arraial da Passagem nos diz:
"A emancipação política do Distrito de Pojuca teve como pano de fundo alguns elementos que enunciaremos a partir de agora. O primeiro deles foi o crescimento populacional e econômico da vila, a partir da chegada da estrada de ferro; o segundo, foi a insatisfação dos moradores do vilarejo com a pouca atenção dada por Catu aos problemas locais e o terceiro, foi a organização política dos comerciantes do distrito, liderados pelo Coronel Carlos Pinto, que aspirava a um cargo de Deputado Estadual e via na emancipação política de Pojuca o seu grande trampolim político.
Pinto, despontando como uma liderança forte no início do século XX no Distrito de Pojuca, demonstra toda sua sagacidade quando consegue, ainda em 1910, fazer a comitiva do então aspirante a governador José Joaquim Seabra descer em Pojuca. Seabra, na ocasião, estava em busca de apoio na região de Alagoinhas, visitando cidades e distritos. Carlos Pinto, então, o convida para descer na estação de Pojuca e almoçar em sua residência. Um importante jornal da época dá destaque a essa campanha do candidato Seabra pelo interior e sua passagem por Pojuca: “O Dr. Seabra regressou de Alagoinhas (...) Em Pojuca, recebeu-o o chefe local, coronel Carlos Pinto, de incontestável prestígio”5, frisava. Esse contato foi crucial dentro do processo emancipatório da cidade, pois foi ali que os acordos foram feitos, os apoios e votos prometidos e, certamente, o Coronel Carlos Pinto consolidou-se como líder político e futuro intendente. Pinto fez deste momento um ato grandioso, certamente, para promover-se politicamente diante de um povo ávido pela sua autonomia territorial. Como nos conta o memorialista José Lemos de Sant’Ana, a banda de música Recreio Jovial tocava em frente à estação, enquanto o povo ovacionava o candidato Seabra e sua comitiva.
Seabra ambicionava a governadoria e sabia que, para ser eleito, era necessário obter o apoio das oligarquias rurais e das lideranças burguesas do interior. Com a morte dos dois maiores líderes políticos de Pojuca - o Conselheiro Saraiva (1895) e o Barão de Pojuca (1909), Carlos Pinto se tornou a referência da região. Ambicionando um cargo na Câmara dos Deputados da Bahia, não foi difícil para Seabra convencê-lo a sair candidato ao seu lado e, em troca, Pinto trazia os votos6 da região para o governador. Aliado a Seabra, o coronel de Pojuca entra na disputa e elege-se deputado estadual em 1912, assim como Seabra também se elege governador naquele mesmo pleito". (BATISTA, 2018, pp. 31-33)
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Coronel Carlos Pinto, primeiro prefeito de Pojuca |
Eleito governador, Seabra permanece unido ao Deputado Carlos Pinto, mas o grande desejo de Pinto era, além de ser legislador estadual, também ser intendente (prefeito) de seu lugar. Naquela época era permitido ser, ao mesmo tempo, prefeito e deputado. Assim, em 29 de julho de 1913, é promulgada a Lei 979/1913, elevando o distrito de Pojuca à categoria de município. Mas, na prática, as coisas não mudaram muito no distrito naquele dia. Apesar de se comemorar hoje a emancipação de Pojuca em julho, na verdade, o município só foi instalado em outubro daquele ano. Vejamos:
"Embora a lei que emancipou Pojuca tenha sido promulgada em 29 de julho, só em 07 de setembro de 19138, sessenta e sete dias depois, aconteceu a eleição para conselheiros e intendente. Carlos Pinto, que renunciara a intendência de Catu dias antes, é eleito o primeiro intendente juntamente com o Conselho Municipal. O Conselho estava composto pelos seguintes membros: Manoel Joaquim, Pedro Trindade, Manoel Batista Santana, Raymundo Ferreira de Sant’Ana e João Evangelista Paim que, naquela sessão, fora eleito presidente do Conselho. Os eleitos esperaram mais quarenta e nove dias até que, em 26 de outubro, o município foi efetivamente instalado, com uma grande festa na cidade". (BATISTA, 2018, p. 34).
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Paço Municipal, inaugurado em 1928 |
Então, a rigor, a emancipação de Pojuca se deu de fato em 26 de outubro de 1913, pois foi nesta data que a cidade teve efetivamente seu prefeito (intendente) e seus vereadores (conselheiros) empossados. Neste dia, a cidade se vestiu para festa, suas ruas foram enfeitadas, a grande comitiva do governador veio a Pojuca e o povo comemorou sua emancipação. Neste dia, a principal rua da cidade, a Rua da Passagem, passou a se chamar Rua J. J. Seabra, em homenagem ao governador da época. No dia seguinte à festa, o Jornal Gazeta de Notícias estampava em sua capa:
"Diz-se que foi um dia cheio o de ontem para os que foram a Pojuca. (...) Que o deputado Carlos Pinto estava radiante, sendo realizado seu velho sonho – de Pojuca município, dirigindo os seus próprios destinos, sem perder, contudo, a boa amizade de Catu. (...) o Dr. Seabra, ilustre e honrado governador, deve ter ficado muito satisfeito, pois que lhe foi feita na Pojuca uma manifestação bastante carinhosa, a que se associou com o verdadeiro entusiasmo de todo povo do lugar". (Jornal Gazeta de Notícias, edição de 27 de outubro de 1913)
Nos anos seguintes, a festa da emancipação continuou sendo no dia 26 de outubro. Não se sabe ao certo, mas provavelmente, só no fim da década de 1940, depois da queda de Getúlio Vargas é que as comemorações passaram a ser em 29 de julho e assim permanecem até hoje. A cidade permaneceu sob o comando de Carlos Pinto até 1927. Entre 1927 e 1930 o comando da intendência (prefeitura) passou para Raymundo de Sant’Ana. Foi no governo de Sant’Ana que o paço municipal (prédio da prefeitura) foi inaugurado e a sede do poder executivo e legislativo saiu da Rua J.J. Seabra e foi para a nova sede. Ainda no governo dele foram inauguradas as pontes do Pau’Darco e da Mariquita, dentre outras obras. O governo de Raymundo de Sant’Ana foi interrompido com golpe de 1930 que implantou a ditadura de Getúlio Vargas.
A partir de 1930, o município passou por um longo período de instabilidade política por causa da ascensão ao poder do Presidente Getúlio Vargas. Durante toda a Era Vargas (1930-1945) Pojuca passou a ter os seus prefeitos indicados (não mais eleitos pelo povo) pelo interventor federal na Bahia. Essa situação perdurou até que:
Em 1947, acontece a primeira eleição depois da nova Constituição e são escolhidos os novos governadores estaduais, dentre eles Octávio Mangabeira, que fora eleito pela União Democrática Nacional (UDN) governador da Bahia. Saía, então, a figura do interventor e, aos poucos, a democracia ia se estabelecendo. Como a Constituição de 1946 assegurou também a eleição para prefeitos nos municípios, em 21 de dezembro de 1947, Pojuca elegeu seu primeiro prefeito: Antônio Motta.
"Aquela eleição marca definitivamente o início da caminhada democrática no município. Aquela fora a primeira eleição em que o direito ao voto estava assegurado para todos os cidadãos a partir dos dezoito anos. Em 18 de janeiro de 1948, o novo prefeito foi empossado. No fim daquele mesmo ano, Motta pediu afastamento do cargo por motivos pessoais e, em 22 de dezembro de 1948, assumiu interinamente a prefeitura o presidente da Câmara13, José Martins Valverde, que permanece por seis meses no cargo, até 22 de junho de 1949, quando Antônio Motta reassume para a última parte do seu mandato que não chegaria até o fim, pois seria interrompido tragicamente em 25 de fevereiro de 1950" (BATISTA, 2018, pp. 53-54).
Assim, Antônio Motta foi o primeiro prefeito democraticamente eleito depois da Era Vargas, o que marcaria uma nova fase na política local. Contudo, devido a um desentendimento de Motta com um fazendeiro por conta de uma ponte, o prefeito acabou sendo assassinado na estação de trem de Mata de São João. Seu assassino, o tenente-coronel, médico do exército, Aurélio Seabra Veloso, valendo de sua condição de militar sequer foi preso. O acontecimento, segundo os jornais da época, causou grande comoção na comunidade de Pojuca. Essa tragédia marcou o fim da primeira metade do século XX na história de Pojuca.
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Antônio Motta, assassinado em 1950 |
REFERÊNCIAS
BATISTA, João. Pojuca: O Arraial da Passagem. EGBA, Salvador: 2018.
CUNHA, Euclides da, Diário de uma Expedição. Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/18970912-6875-nac-0001-999-1-not - Acesso em 01/06/2017.
LEI 140 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1948. Disponível em: https://governoba.
jusbrasil.com. br/legislacao/85487/lei-140-48, acesso em 20/04/18.
OTT, Carlos. Povoamento do Recôncavo pelos Engenhos. 1536 – 1888, v. II. Ed. Bigraf. Salvador: 1996.
SAMPAIO, Theodoro. O Tupy na Geografia Nacional. Cia Editora Nacional. São Paulo: 1987.
SANT’ANA, José Lemos de. Bambanga: Memórias, Volume III, Intervalo Publicidade: Salvador, sd.
______________________. Bambanga: Memórias, Volume I, Vozes, 1998.
Onde encontro o livro: Pojuca - arraial da passagem?
ResponderExcluirNa Livraria e Papelaria On LINE ou no Espaço X
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